Palavra PastoralComunicação em Família
“Se crês conhecer tua mulher ou teu marido, é que renunciaste a descobri-lo realmente”. Paul Tournier
Fazendo uma crítica à comunicação familiar, o humorista Ziraldo definiu família como sendo “um grupo de pessoas que tem a chave da mesma casa”. O diálogo aberto entre os cônjuges, entre pais e filhos, e entre irmãos está definhando. A busca pelos interesses pessoais, o corre-corre da vida, e o stress da cidade grande, conspiram contra o diálogo familiar. Quando ele acontece é muito superficial. Há famílias que conversam sobre assuntos banais, externos a eles, mas, daquilo que é íntimo e pessoal não falam mais nada. O que aconteceu com a curiosidade de querer descobrir o outro, saber suas idéias, os seus sonhos e os seus sentimentos? Deteriorou-se. Por que? Talvez pela seguinte razão:
Os membros da família crêem que já se conhecem. Construíram uma imagem mental do outro através dos anos e passam a tratar o outro de acordo com essa caricatura. Expressões como: “Ele sempre age assim”, “Ela sempre conta a mesma história”, “Meus pais nunca vão entender”, “Eu já sei no que vai dar”, “Nem adianta falar com eles”, revelam nosso pré-conceito do outro. Ante tal situação o outro se fechará e quanto mais se fechar menos compreendido será e quanto menos compreendido mais se fechará, num circulo vicioso sem fim. Dessa forma, a imagem construída do outro ficará cada vez mais longe da realidade da pessoa.
É muito fácil encontrar ocasião para fugirmos de um verdadeiro encontro com o outro, de uma conversa face-a-face. Podemos fugir e nos esconder: no trabalho excessivo da empresa, nos afazeres domésticos, nos ministérios da igreja, no autoritarismo, e tantos outros lugares, que quanto mais legítimos melhor. Por outro lado, muitos não conseguem ser abertos devido à falta de um ambiente propício para isto. Para expressar-se abertamente é preciso:
- Achar acolhida – “o amor é bondoso”
- Segurança – “o amor não maltrata, não procura seus interesses”
- Atenção – “o amor é paciente”
- Lealdade – “o amor não se alegra com a injustiça” (1Co 13)
Não deixe esfriar seu interesse pelos sentimentos e pensamentos daqueles que vivem com você. Seja bondoso, acolha o outro, demonstre amor apesar das circunstâncias, não grite, não aja com violência, seja paciente, escute com atenção e lealdade.
É preciso muita dedicação e muito tempo para construir uma verdadeira família, muito mais que comer uma pizza junto à noite, ou, ir ao culto no domingo, porem, isto já é um bom começo.
“Se crês conhecer tua mulher ou teu marido, ou teus filhos, é que renunciaste a descobri-los realmente”.
Pr. Marcos Tiburcio